quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Como tratar o efluente de uma indústria têxtil?

As industriais têxteis produzem uma quantidade grande de efluentes. Esses efluentes geralmente apresentam uma coloração, devida aos corantes utilizados no tingimento de tecidos, sendo detectável a coloração em concentrações tão baixas quanto 1 ppm. 

Os azocorantes, estruturas químicas que possuem o grupamento –N=N–, são bastante utilizados nas industriais têxteis. Esses compostos apresentam baixa degradabilidade por processos biológicos e, além da poluição visual que causam devido à coloração que apresentam, alteram ciclos biológicos como a fotossíntese.

O processo tipicamente utilizado em tratamentos de efluentes pode ser exemplificado pela imagem a seguir:
Fonte: KUNZ et al. (2002)

A primeira etapa é o gradeamento, que consiste em barras verticais ou inclinadas que retêm os sólidos grosseiros contidos no efluente. Em seguida, o fluido segue para o filtro de areia e cascalho, que é basicamente um tanque onde há decantação de alguns materiais, principalmente inorgânicos, como areia e cascalho (a matéria orgânica geralmente não decanta nessa etapa, pois tem densidade menor que esses materiais).

No decantador primário parte da matéria orgânica decanta e é degradada por microorganismos anaeróbios, ou seja, microorganismos que sobrevivem na ausência de oxigênio e se alimentam dessa matéria orgânica. 

Depois disso, o efluente segue para o tanque de aeração, onde há difusores no fundo ou agitadores superficiais, que permitem um maior contato do efluente com o ar. A matéria orgânica é decomposta por microorganismos aeróbios, que se aglomeram formando flocos, que sedimentam. Parte desse lodo sedimentado é removido.

Em seguida, a mistura segue para o decantador secundário, no qual há decantação da matéria orgânica e do lodo ainda em suspensão. O lodo que não é removido é reencaminhado para o tanque de aeração, enquanto que o removido é encaminhado para tratamento.

Por fim, o efluente já clarificado segue para a etapa final, de desinfecção, que pode ser por cloração ou uso de radiação UV, por exemplo. Ocorre um ataque de agentes químicos a organismos patogênicos e coliformes fecais, completando a limpeza da água.

O processo exemplificado visa remover principalmente a matéria orgânica biodegradável. Entretanto, como os corantes costumam não ter uma alta biodegradabilidade, é necessária outra etapa no tratamento do efluente para esse ser eficiente. 

Em geral, as industriais têxteis utilizam a etapa físico-química de coagulação antes do tratamento biológico de lodo ativado (representado na imagem). O processo de coagulação seguido pelo de lodos ativados costuma ter uma eficiência relativamente alta na remoção dos corantes, de aproximadamente 80%, apesar de apresentar problemas na destinação do lodo que, por possuir uma alta concentração de corantes, não pode ser reaproveitado na agricultura.

Além da coagulação, vem sendo estudados outros tratamentos para a remoção dos corantes, como a biodegradação a partir de organismos específicos; processos oxidativos avançados, como o tratamento com ozônio; processos físicos, como a adsorção por carvão ativado e a filtração por membranas (nanofiltração, por exemplo); entre outros.

Os tratamentos de efluentes vêm sendo a cada dia mais estudados e aprimorados, pois a legislação está cada vez mais rigorosa e, além disso, estão sendo descobertos novos contaminantes cujos efeitos sobre a saúde e o meio ambiente ainda são desconhecidos.

Cada tipo de tratamento possui suas vantagens e desvantagens, sendo relacionadas ao preço, eficiência ou geração de novos resíduos. O ideal é fazer um estudo em escala piloto e escolher o método mais viável, que alie qualidade a custo, de modo que atenda a legislação e torne o efluente inofensivo ao meio ambiente.

A EPEQ continua estudando e trazendo novidades a vocês. Fique de olho no nosso site e mantenha-se atualizado.


Fontes: 

GUARATINI, C. C. I.; ZANONI, M. V. B. Corantes têxteis. Química Nova, Vol. 23, No. 1, 71-78, 2000.

KUNZ, A.; PERALTA-ZAMORA, P.; De MORAES, S. G.; DÚRAN, N. Novas tendências no tratamento de efluentes têxteis. Química Nova, Vol. 25, No. 1, 78-82, 2002.

domingo, 23 de novembro de 2014

Tema de estudo: Tratamento de Efluentes


Os tratamentos de efluentes convencionais são estudados na graduação de Engenharia Química na UFPR, na disciplina “Tratamento de Efluentes”. Entretanto, os processos industriais produzem efluentes não apenas com matéria orgânica biodegradável, que são os principais componentes removidos por tratamentos convencionais, mas também com diversos outros poluentes como matéria orgânica não biodegradável, metais pesados, compostos inorgânicos, componentes tóxicos, entre outros.

Ao longo desse semestre, a EPEQ teve como tema de estudo Tratamentos de Efluentes. Focou-se no estudo dos tratamentos não convencionais, que não são vistos na graduação, e também foram aprofundados os conhecimentos dos tratamentos convencionais.

O tratamento correto dos efluentes é de fundamental importância já que esses são despejados nas fontes naturais, pois a água que é limpa nas Estações de Tratamento de Água (ETA’s) para ser enviada para as residências é proveniente dessas fontes. 

Os efluentes industriais são muito variados entre si, inclusive de indústrias que produzem o mesmo produto pelo mesmo processo, sendo necessário um estudo do efluente gerado para a determinação dos tratamentos adequados. A partir desse estudo é determinado o processo de tratamento mais viável para o efluente e, só então, esse é implementado. Depois disso ainda deve haver um controle do fluido tratado, pois se a remoção dos poluentes não for adequada são necessárias modificações no processo.

O estudo do tratamento de efluentes possui uma fundamental importância para os engenheiros ambientais e químicos não só devido à questão ambiental, mas também porque, se descumprida a legislação, há não só multas como também a detenção (para o engenheiro responsável e/ou dono da indústria). Por esses motivos a EPEQ vem estudando esse assunto que, em breve, será repassado à graduação.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

WEHRLE do Brasil e EPEQ se encontram para discutir a área de Tratamento de Efluentes

No dia 27 de Outubro a Escola Piloto de Engenharia Química teve a oportunidade de discutir aquele que será o tema de seu próximo curso - Tratamento de Efluentes - com o Diretor da WEHRLE do Brasil, William Padilha Msc..




A WEHRLE é uma empresa líder em tecnologia na área do meio ambiente que fornece aos seus clientes soluções inovadoras e inteligentes, bem como uma ampla gama de serviços posteriores à entrega das instalações. Algumas de suas atividades:

  • Soluções técnicas
  • Plantas de bancada
  • Plantas piloto
  • Engenharia de projetos
  • Instalação e direção de projetos
  • Partida e Comissionamento de estações
  • Manutenção e assistência técnica
  • Operação e financiamento




O Engenheiro William chamou atenção para os diversos tipos de tratamento de efluentes utilizados dentro e fora do Brasil, observando quais são as tendências deste segmento e identificando as defasagens da indústria brasileira em relação à de outros países. Segundo ele, o contato entre empresas e universidades é de extrema importância para este meio, uma vez que ele está em constante mudança.

Não há dúvida quanto a importância dos tratamentos de efluentes na carreira do Engenheiro Químico. Principalmente quando vemos como a tecnologia vem avançando. Sobretudo, é importante que os profissionais da área de Tratamento de Efluentes estejam atualizados e alinhados com as inovações do mercado.  Por isso a Escola Piloto de Engenharia Química está estudando este tema e o mais novo curso da EPEQ será lançado em 2015. Fique atento ao nosso site para saber mais informações.

Para saber mais sobre a WEHRLE, acesse: http://www.wehrle-do-brasil.com.br/